Quando pensamos em reforma de cozinha, logo a imagem de obras complicadas vêm à nossa cabeça: paredes e pisos quebrados, entulho, móveis para montar e desmontar e barulho que incomoda os vizinhos. Muitas são as fases e as dores que os interessados em repaginar o cômodo passam.
“O que muita gente não sabe é que é possível atualizar as áreas molhadas da sua casa sem quebra-quebra, deixando tudo com uma cara atual e pronto para mudar”, explica Vini M Furtado, arquiteto responsável pelo time de design de interiores da Loft.
À frente do projeto Renove Sem Obra, Vini e a equipe revitalizaram cozinhas de apartamentos à venda na plataforma da Loft com soluções que podem dar um resultado rápido e mais econômico: aplicação de tinta e massa sobre pisos e revestimentos de parede, uso de materiais autocolantes e envelopamento de móveis.
No entanto, fica um alerta: reformas em apartamentos precisam ser comunicadas ao condomínio e, dependendo do prédio, é possível que seja necessário uma ART ou RRT (anotação de responsabilidade técnica ou registro de responsabilidade técnica), documentos que comprovam que o projeto foi desenvolvido por arquitetos ou engenheiros habilitados e registrados nos conselhos de classes profissionais. Isso só não se aplica nos casos mais simples, se o próprio morador for pintar as paredes ou usar pastilhas autocolantes, por exemplo.
Reforma de cozinha escondendo azulejos com massa acrílica
Na reforma de cozinha, esconder revestimentos de paredes com massa acrílica é um truque antigo, mas sempre eficaz. “Não precisa de quebra-quebra e é uma solução rápida, além de permitir que a parede receba tintas da cor que desejar”, explica Vini.
Para isso, é necessário se certificar de que as peças estejam bem presas e de que não haja infiltrações. Se houver algum desses problemas, repare-os antes de aplicar a técnica. “E sempre utilize tintas antimofo nas áreas molhadas, como a cozinha”, completa o arquiteto.
Antes de emassar, é preciso também se atentar ao material original do revestimento da parede de cozinha. Cerâmicas e porcelanatos podem ser cobertos, mas materiais mais flexíveis como madeira e vinílicos, não. “O ideal é contratar uma mão-de-obra especializada para fazer o processo, pois, antes de qualquer alteração, o profissional avalia o estado da superfície e também a possibilidade de aplicação”, aconselha Isa Braun, arquiteta da Loft. Pequenos reparos, como furos na parede ou pedacinhos de revestimento faltando, podem ser consertados com a massa acrílica.
Após a aplicação da técnica, é possível pintar ou usar pastilhas resinadas. Mas tome cuidado e verifique se a nova parede não atrapalha o fechamento de portas e janelas ou de gavetas de móveis, já que aumenta a espessura da superfície. E um alerta: massa acrílica pode ser usada na parede, mas nunca no piso!
Reforma de cozinha com piso sem emendas e com ar moderno
A massa cimentícia é considerada uma evolução do cimento queimado e surgiu como uma solução para os problemas mais recorrentes da textura: acabamento desigual, trincas e aparência rústica. Funciona como uma pasta que pode ser aplicada por cima de um revestimento já instalado, sem a necessidade de remoção, criando uma superfície uniforme e sem emendas. “Assim como a massa acrílica, pode ser aplicada sobre quase todo tipo de revestimento, com exceção de madeira, pastilhas de vidro e vinílicos. Também pode ser usada na parede”, explica Vini.
Na cozinha, é indicada até para áreas que recebem peso, umidade e calor. Superfícies perto de torneiras, fornos e churrasqueiras também podem ser cobertas com o material. “Quando aplicado em bancadas de pia que servem de apoio ao fogão, alguns cuidados são necessários, não pela água, mas por conta da alta temperatura: se uma panela que acabou de sair do fogo for apoiada nesta pia, pode danificar o verniz de proteção, assim é sempre importante usar algum tipo de apoio, como uma tábua ou um pano”, diz Isa.
“Quem quiser se aventurar sozinho, algumas marcas disponibilizam oferecem um manual de instruções junto ao kit. Mas é sempre indicado contratar um profissional”, aconselha Vini. Como é um material que exige múltiplas demãos, é preciso ficar atento à grossura do trabalho final, para que a nova superfície não atrapalhe aberturas de portas e janelas e não interfira no caimento do piso ao redor do ralo.
Reforma de cozinha com pastilhas
Para quem é adepto do faça-você-mesmo, as pastilhas adesivas resinadas são uma opção que não demanda mão de obra especializada: vendidas em inúmeros modelos e tamanhos, podem ser instaladas sobre revestimentos e paredes com bom acabamento, utilizando cola de contato comprada em lojas de material de construção. Há modelos que são autocolantes. Os cortes para ajustes são simples e podem ser feitos com serra de mão ou até estilete.
“Não há recomendação para usar no piso. Além de não serem antiderrapantes, o atrito com o chão pode prejudicar a fixação depois de um tempo”, alerta Isa. Como a resina usada sobre a película é de alta resistência, é possível usar em áreas molhadas, como frontões de pia.
“Pode-se aplicar também em áreas próximas ao forno, fogão ou lareira. O material é resistente a até 55ºC de temperatura”, explica a arquiteta. Evite somente o uso extremamente próximo ao fogo. A Rivesti indica uma distância mínima de 10 cm entre a chama do fogão e a pastilha. E também não aconselha colocar fritadeiras ou panelas elétricas encostadas nas superfícies revestidas.
Móveis antigos com cara nova ajudam na reforma da cozinha
Muito conhecida no mundo automotivo, a técnica do envelopamento também pode ser aplicada dentro de casa e mudar a cara de peças antigas. “Quando o móvel está em bom estado, mas a cor está desatualizada, é possível renovar a cara do ambiente de forma rápida. Outra sugestão é usar o envelopamento quando a fórmica está desgastada”, conta Isa.
A forma mais comum é aplicar adesivo vinílico por toda a peça, ou em partes inteiras, como portas e gavetas. No mercado, há diversos modelos com cores variadas, estampas e até com texturas que imitam madeira e mármore. “Como é o mesmo material usado para a adesivação automobilística, possui uma alta resistência à temperatura e à umidade”, diz Isa. É possível envelopar até geladeiras.
A técnica só não é recomendada para bancadas e superfícies de muito contato, como tampos de mesas e cadeiras, já que o uso de ferramentas cortantes pode danificar o vinílico. “Também tome cuidado com vinílicos brancos, pois se o móvel é escuro, pode não ficar tão bom”, alerta Vini.
É possível fazer o envelopamento sozinho, mas a mão de obra especializada é sempre indicada para um melhor acabamento. “E compre sempre em lojas especializadas. Não confunda com os papéis vinílicos vendidos em papelaria”, finaliza o arquiteto.